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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Mãe e filhos no Rap- A volta por cima













Ela nasceu na favela, perdeu os pais aos 14 anos, foi abusada e teve o marido assassinado. Separada de seu filho, foi parar na Febem por um crime que não cometeu.

Com os filhos, ela criou o grupo de rap Mãe & Filhos e desenvolve o projeto Anjos do Gueto, que atende, sem a ajuda do Estado, mais de 32 crianças e 43 famílias. Andréia, 38 anos, nasceu na periferia da zona sul de São Paulo e, como muitas adolescentes, foi criada sem a presença da mãe. "Eu não tenho muito que lembrar da minha mãe, a não ser que ela era uma mulher que saía de manhã e voltava à noite".

E essa lição do passado ela não repete. "O trabalho não é tudo, eu acho que a mãe deve dar uma atenção para os filhos, porque isso sim é investimento de verdade", diz. Andréia perdeu o pai aos 14 anos. A mãe, pouco tempo depois. "Depois disso o mundo caiu sobre a minha cabeça!", relembra. Mas o pesadelo estava apenas começando. No mesmo ano da morte dos pais e morando sozinha com o único irmão solteiro, Andréia foi abusada sexualmente por ele. Assustada, fugiu de casa. "A rua foi a minha segurança.

Dormi até em casa de cachorro e em cima lajes", conta. E quando ela pensava que tudo de ruim já tinha acontecido em pouquíssimo tempo, uma nova surpresa: a gravidez precoce. Sem saída, a então adolescente foi morar com o pai da criança e a sogra. Um mês depois, o "marido" foi assassinado, a sogra abandonou o barraco em que viviam e ela se viu grávida e outra vez na rua... Eis que surge um senhor que, comovido, lhe arranja um barraco.

"Parecia um banheiro, só cabiam a cama e um fogãozinho feito com lata de sardinha e uns preguinhos. E confesso que, quando dava vontade de comer uma coisa mais além, eu entrava no supermercado, pegava os pacotes de bolacha abertos e me escondia atrás da seção para comer", assume. Com o filho de apenas 1 mês nos braços, a vida pregou mais uma peça em Andréia. O mesmo senhor que havia lhe dado o barraco, deixou embaixo de sua cama uma sacola de feira. À noite, ela descobriu que ali havia cerca de 5 quilos de cocaína.

Não demorou a polícia invadir o barraco e levá-la para a Febem. "Desespero, revolta, era como se o mundo todo tivesse contra você. Eu queria saber por que me separaram do meu filho, porque o mundo era daquele jeito". Provada a sua inocência, Andréia ganhou a liberdade, mas não conseguiu recuperar a guarda de seu filho.

Frequentando os bailes black da época ela conheceu o seu segundo marido, com quem ficou casada por nove anos e teve dois filhos, Leandro e Evandro. "Costumo dizer que o Leandro me ensinou a viver, a falar eu não quero a violência". Porém, depois de um ia de trabalho como faxineira, Andréia chegou em casa e se deparou com o limite de uma situação que já estava vivendo.

"Peguei meu marido usando drogas na cama e o meu filho com o rosto vermelho por ter apanhado. Foi quando eu disse: chegou a hora de guerrear!". Ela não pensou duas vezes e, novamente foi para a rua, fugiu com os dois filhos largando tudo pra trás. "Naquele momento os bens materiais não importavam. Minha riqueza era os meus filhos".

Ela nasceu na favela, perdeu os pais aos 14 anos, foi abusada e teve o marido assassinado. Separada de seu filho, foi parar na Febem por um crime que não cometeu. E foi na responsabilidade de ser mãe que Andrelina Amélia Ferreira - mais conhecida como Andréia - teve forças para mudar a sua vida e dar a ...

Grades mudanças

Novamente em situação de risco - mas agora ao lado dos filhos - ela encontrou forças para mudar. "O Leandro foi o homem da casa, com sete anos começou a olhar bicicleta no supermercado. Um dia ele sentou do meu lado e falou que queria ser promotor. Meu filho teve de tudo para ser um garoto perdido, sem alimento, sem condições, só tinha o amor.

O amor é a base disso tudo aqui", explica, referindo-se a sua casa, família e ao projeto que hoje desenvolve em sua comunidade tirando as crianças das ruas. É o lado bom depois de tanto sofrimento! Andréia é um exemplo, uma mulher que teve tão pouco e consegue ajudar as outras pessoas. "O Brasil é um país rico, onde as pessoas gastam muito dinheiro com viagens em Brasília e outras coisas, enquanto tem criança passando fome na favela. Eu acho uma glória uma pessoa montar oficinas de cultura e ensinar as crianças a pescarem!", comenta.


Com toda essa visão crítica e a vivência da rua, quando viu sua vida minimamente estruturada ela começou a ajudar grupos de rap e logo passou a escrever algumas letras. Subir ao palco foi um passo. Com o grupo Mente Feminina chegou a abrir shows e até ganhou um festival, mas a dificuldade fez que as componentes do grupo a abandonassem. Sem parceria, pensou que seu sonho na música tivesse acabado.

Foi quando em um show de rap seu filho pegou o microfone e deixou a plateia admirada com a sua voz. Novamente, a música ganhava força no caminho de Andréia. Até que o rapper Edi Rock, dos Racionais Mc's, disse: "Por que você não continua usando a sigla MF, mas agora como Mãe e Filhos?".

E assim o grupo nasceu e foram várias apresentações pela baixada santista, chegaram até a abrir o show dos Racionais, sempre com letras conscientes, mostrando que a relação entre mãe e filhos pode existir de várias formas. Num ensaio de um grupo de rap, por exemplo. Junto ao renascimento do grupo musical, surgiu também o Projeto Social Anjos do Gueto. Atualmente ela atende 32 crianças e doa cestas básicas para 42 famílias.

Além da ajuda material, Andréia transforma cada criança em um multiplicador, que acompanha outras crianças da comunidade e ajuda a resolver os problemas, além de alertar quando alguma não está frequentando a escola. Em relação à música, Andréia - que se diz fã de Elis Regina e ter uma grande identificação com a rapper carioca Gizza - ainda não conseguiu gravar, porém, o mais importante para ela já está se realizando: ajudar a comunidade! E só quem sofreu na pele pode se sensibilizar. "Denunciei um caso de pedofilia de novo aqui.

Criança é meu dever e eu sei o que é isso", afirma a guerreira. Uma família da baixada santista, mais precisamente do município de Praia Grande no bairro Marx Land, uma mãe e seu dois filhos, Evandro (15) e Leandro (19) fazem do rap mais que uma música, mais que um estilo de vida, fazem do Hip-Hop um exemplo de amor e resgate para a sociedade brasileira.

Sobre ela

"A Andréia representa o amor de mãe, a sinceridade, a amizade, e é isso o que falta no Brasil"

Bel, 42 anos, empresária que ajuda no projeto com transporte de pessoas e alimentos.

"Ela é uma pessoa maravilhosa, uma mãe para todas essas crianças. Você vê o amor que a Andréia passa para elas. Se tivessem mais pessoas com a qualidade dela, a gente resolveria uma boa parte dos problemas"

Meia, 35 anos, responsável pelas cestas básicas

"o vizinho não precisa vir aqui pedir, ela sabe a necessidade dele. as pessoas acreditam nela, porque mesmo não tendo, ela se preocupa e deixa de ter para dar aos outros. se o mundo fosse de Andréias seria bem diferente."

Elizabeth, 30 anos, participa no projeto como produtora

"Minha mãe é uma guerreira, ela tira as crianças da rua pra não se envolverem nessas coisas erradas. eu amo muito ela estou sempre do seu lado"

Leandro, 19 anos filho de Andréia

Um comentário:

  1. Anônimo23:41

    oi jarule com tanto dinheiro nao foi fazer o evento na ceilandia e andreia mf com pouco ou melhor com nada faiz um trabalho lindo pra sua comunidade ser rap e fazer isto

    ResponderExcluir

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